segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ENFRENTANDO O MEDO - parte I

Hoje decidi falar sobre o medo. Todo mundo sabe o que é isso, porque sentir medo é uma reação natural e comum a todos nós, inclusive aos animais. Trata-se de um sentimento de inquietação, ou, nos casos mais graves, pavor, perante perigos reais ou imaginários. Isso mesmo. Podemos sentir medos perfeitamente plausíveis, como por exemplo, medo de alta velocidade, medo de animais ferozes, medo de alturas, como também existe o medo mais ou menos irracional, como o medo do escuro, medo de sair de casa, medo de não conseguir ter êxito. Os medos, na verdade, tem todos eles a sua origem dentro de nós, quer seja por experiências passadas, quer nos lembremos ou não, por traumas vividos ou adquiridos, por sugestão, enfim ... e na sequência vou contar-vos um episódio totalmente irracional que ocorreu comigo em que fui totalmente paralisada pelo famigerado medo.

Certa vez, minha prima e eu, estávamos numa casa de praia, num lugar relativamente deserto, e decidimos caminhar uma boa distância a fim de ir encontrar algumas pessoas amigas. Não era assim tão longe e foi divertido, pois caminhamos enquanto conversávamos, encontramos com várias pessoas diante de outras casas de praia por ali, algumas delas conhecidas e com quem parávamos para cumprimentar, até chegar ao nosso destino, onde nos juntamos aos nossos amigos, tomamos vinho e assistimos todos juntos, à um pôr do sol espetacular. Posto isto, hora de voltar para casa.

O único acesso àquela parte da península era por barco, portanto não havia ninguém a quem pudéssemos ter pedido uma carona de volta para casa. Mas tudo bem. A gente voltaria do mesmo jeito. Em menos de uma hora estaríamos em casa. SE ... não tivesse escurecido.

O cair da noite começou por me deixar ansiosa. Uma coisa era percorrer aquele caminho de dia, e outra bem diferente era fazê-lo a noite. A grande maioria das casas estava vazia, logo, apagadas, e para completar era uma noite escura como o breu. Onde estava a lua? De preferência bem cheia e iluminada, perguntava eu, a mim mesma. Detalhe, minha prima estava numa boa, praticamente saltitando de volta para casa. E eu, em silêncio, não via a hora de chegar.

Até que chegou o momento de atravessarmos uma considerável distância totalmente mergulhadas na escuridão. Nenhuma casa à vista, nenhuma luz. Apenas escuridão e sombras assustadoras. Gente, não pude dar mais um passo adiante. Minhas pernas não me obedeciam, o medo tomou conta de mim. Minha prima insistia para continuarmos e no começo achou que eu estava brincando, mas era bem sério. Ela ficou passada comigo. Por sorte, tínhamos os celulares que iluminavam a nossa volta e graças a essa bendita invenção, pudemos ligar para a minha mãe que estava em casa e que foi obrigada a chamar um marinheiro, alugar um pequeno barco, para nos ir buscar ali mesmo, onde eu me recusava terminantemente a dar mais um passo. No final, acabou tudo bem.

Mas quando eu me lembro desse episódio eu percebo que o meu medo foi um medo irracional e de origem desconhecida. Não sofri nenhum trauma que envolvesse o escuro na minha vida, ou talvez sim, bem lá na infância, e mal me recorde. Talvez fosse um medo desencadeado por sugestão de histórias arrepiantes e filmes de terror onde as coisas más sempre acontecem em lugares ermos e escuros. Eu não sei explicar, só sei dizer o que senti, e foi um verdadeiro pânico. Um pavor enorme, um medo absurdo de atravessar aquele trecho que me separava da segurança da minha casa.

Uma coisa eu aprendi. Aventuras a pé em lugares desertos e ao final do dia, jamais. Especialmente sozinha ou acompanhada de uma outra pessoa indefesa e vulnerável igual a mim. Note-se que tal situação teria sido provavelmente diferente se em vez de duas moças, fôssemos um grupo de várias pessoas, de preferência com alguns amigos,  elementos do sexo masculino, fortes e valentes, que mesmo inconscientemente nos transmitem uma sensação de maior segurança. Isso, digo eu.

Então, o medo, seja racional ou não, tem consequências estranhas e perturbadoras, além de diferentes, de pessoa para pessoa. Como não deixar que o medo domine a nossa vida? Até que ponto o medo é saudável, benéfico e até útil para cada um de nós?

Vamos falar mais sobre esse assunto no próximo post.

Um beijo bem grande no vosso coração.

Paz e Luz.

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