sábado, 11 de dezembro de 2010

CONTEMPLANDO O SILÊNCIO



Em muitos momentos, ultimamente mais do que eu mesma posso perceber, tudo que necessito é isso. Apenas Silêncio.

Fujo das conversas triviais, e das outras também, confesso. É um estado em que o Ser se resume a sua real e não tão óbvia insignificância diante de todas as coisas que realmente importa. Aí vem o vazio, a ausência de coisas que não possuo, a saudade de outras que ainda nem existem e cuja falta já me faz assim, solitária na noite silenciosa. Noite que sempre encobre os meus segredos. Minha cúmplice em todos os mistérios. Noite silenciosa, minha única amiga, onde posso ouvir a voz gritante do silêncio dentro de mim, onde me encontro e me perco, e me volto a encontrar e perder muitas vezes sem fim.

Sabe lá, o que é morrer de sede em frente ao mar? ... Este é o trecho de uma música, Djavan. Linda! Expressa um pouco de tudo que corre em mim. Essa coisa que corre, que luta contra uma outra, esse combate que o meu corpo não sente, mas que a minha alma experimenta com um pouco de desespero e um fio de esperança.

De que adianta debater-me em aflição? Não! Simplesmente me acalmo e refugio-me no som do silêncio. Não é fácil, confesso. Arrepios percorrem todo o meu corpo, invade-me um medo inexplicável, uma tristeza incontornável e vejo-me nitidamente lá ... a beira do abismo! O vento uivante agita-me os cabelos em desalinho, despe-me de todas as coisas que conscientemente ou não, me perturbam. Sinto rasgar-se em mim a dor do meu ego mundano e refazer-se a essência verdadeira de quem sou, afinal.

Envolve-me de tal forma este silêncio que apazigua que não sei mais onde ele termina e eu começo. De repente somos um só e isso refaz-me por dentro, como um feixe de luz que entra pelo cimo da minha cabeça, como o bálsamo dos Deuses derramado sobre mim.

Entro numa espécie de sono, mais parecido com um transe ... lembro-me daquelas mulheres que dançam alucinadas em torno da fogueira deixando fluir de si mesmas aquilo que realmente são ... um sono mágico onde vejo flores, um campo inteiro de flores amarelas e perfumadas. Campo que eu percorro leve e saltitante até que o vejo ... parece-se com um monge, ou algo assim ... usa umas vestes brancas, e sorri-me de modo fraterno. Ao aproximar-me, ele permanece aquele sorriso poderoso nos lábios, nada profere. Também ele está em silêncio. Apenas me entrega gentilmente um canudo, um papiro enrolado e de repente, desaparece o monge, ou quem quer que ele seja.

Desaparece também o campo, as flores amarelas e volto à beira daquele abismo, de onde agora sei como recuar. E volto em liberdade. Descubro que tudo que me faz falta está em mim mesma e que muitas vezes o que mais preciso é de reconhecer a força que habita em mim.

Sento-me ali, ao luar, ainda em silêncio mas agora sorrindo e segurando o papiro que trouxe de lá, das profundezas de mim. Vou lê-lo ... eu sei que vou, mas não tenho pressa. Vou aproveitar a magia desta noite silenciosa e agradecer por cada uma das bençãos da minha vida. Sei que a outra parte do caminho está comigo, no papiro que seguro com cuidado.

7 comentários:

Mahria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mahria disse...

O Silenciar em muitos momentos faz um bem ENORME.
Eu falo muito, gostaria de fazer mais silêncio em mim.


Bjs
Mah

Rydi disse...

Amiga vc consegue descrever o que sente de maneira tão linda.
Concordo, o silêncio é o nosso maior aliado. Aprendi a técnica do silêncio depois de muita decepção, o silêncio é sábio.

Sandra Gonçalves disse...

As vezes no silencio nos encontramos, mergulhamos em nossa alma e vasculhamos o nosso der.
Bjos achocolatados

Débora disse...

Mahria, minha querida, o silêncio é onde residem todas as respostas que buscamos fora de nós mesmos.
Beijo pra você, e obrigada pela visita.
Angel.

Débora disse...

Rydi, minha amiga querida, obrigada :)
Mas bom mesmo em ter você de volta.
Eu também sou muito faladora, como disse a Mahria, mas, e assim como você, tenho buscado bem mais o silêncio, e olha, tem sido maravilhoso.
Beijo, amore.
Angel.

Débora disse...

Sandra, eu acho que é sempre, né amiga? Não só as vezes. Quando a gente aquieta a nossa mente, acalma o coração e escuta o silêncio, tudo parece desabrochar.
Beijos da Angel para você.

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