quinta-feira, 15 de abril de 2010

DANÇA DA ALMA



Levanto os olhos para o firmamento pontilhado por pozinhos brilhantes ... uma imensa lua cheia decora o manto negro da noite ... a brisa que vem de longe balança-me os cabelos, traz segredos de outros tempos, sussurra aos meus ouvidos coisas que não posso entender, mas que me consolam completamente.

Quase nada tem o poder de me devolver a energia dispendida quanto esse vento no rosto ... essa sensação de ser una com o Universo inteiro ... a minha alma que dança ao sabor do tempo, batucada que não se ouve mas se sente... e então fecho os olhos, deixo pender a cabeça para a frente ... estou leve, vazia de todas as dores, e medos, e perguntas sem respostas ... veio de repente essa paz que me invade, sensação de poder recomeçar a partir de qualquer ponto.

Por isso levanto o meu corpo devagar e ponho-me a dançar ... no início não são exactamente passos de dança.
São apenas o ir e vir do corpo sem nenhum comando consciente.
Uma espécie de transe.
A música não vem de lá. Vem daqui. De dentro.
Começa lenta e vai se tornando aos poucos, mais e mais rápida, compassada, exigindo de mim a liberdade de sentir intensamente, de rir alto, de deixar as lágrimas lavarem o meu rosto também.

... Uso roupas brancas, tecido esvoaçante ... os meus cabelos negros como o azeviche dançam comigo, misturam-se a cada alegria que trago em mim, cada marca do passado, mesmo aquelas para as quais sempre evitei olhar ... nesse instante tudo se mistura, e se torna uma experiência única, e fantástica. Exaustiva, frenética e delirante ... A experiência inenarrável da vida.

Vejo rostos a minha volta, enquanto danço de olhos fechados pelas dunas daquele deserto.
Rostos amigos, rostos que estão no meu presente, no meu passado, rostos do meu futuro ...
Quem disse que o tempo é real? Ah, doce ilusão. Só o agora existe!
Passado e futuro convergem para o presente, por isso estão também ali rostos que se foram,e que me sorriem ... arrepios de emoção tomam conta do meu corpo suado, dançando sem parar, num ritmo agora quase alucinado.

Quando finalmente me deixo cair de joelhos, ofegante, agarro a areia entre as mãos, sinto-a escorrer entre os dedos,e erguendo a cabeça vislumbro os primeiros raios de sol.

Não sabia que aquele momento tinha durado tanto, uma noite inteira, mas encanta-me ver nascer o dia. Era este o símbolo do recomeço, e agora eu sabia que estava pronta, pois tinha tido um encontro incrível com a alma do mundo.

Tudo se torna possível quando simplesmente acreditamos, e mais facil quando somos capazes de sentir ao invés de entender, quanto mais tentar, inutilmente, explicar!!!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ONTEM ...



Ontem eu era uma menina magrela
Que brincava descalça nas ruas da Samba
Onde morava o meu avô Ferreira

Hoje eu sou uma mulher
Digamos, bem constituída :)
E adoro um salto alto
Embora nada se compare a andar descalça na areia da praia

Ontem eu lia banda desenhada
E inventava histórias com cenários fantasiosos
Hoje eu leio livros sobre espiritualidade
E gosto de escrever sobre o que me vai na alma

Ontem eu era criança
E acreditava no Pai Natal
Hoje eu cresci
E agora acredito que as fadas existem

Ontem eu gostava de ir de férias
Para passear pelos shoppings das cidades
E comprar tudo que aqui nós não tínhamos
Hoje eu troco qualquer cidade
Pelo contacto com a Natureza
Vento no rosto, cheiro de terra
Banho de cachoeira

Ontem eu era apenas filha
E só sabia o que era sorver de um amor sem medida
Hoje eu sou mãe
E sei o tamanho e a força deste amor desmedido

Ontem eu sonhava com coisas
Que achava impossíveis
Hoje eu acredito nos meus sonhos
Por mais difíceis que pareçam de se realizar

Ontem eu não me entendia
E acreditava quando me diziam que eu era tola
Por perdoar e não saber como fazer para guardar uma mágoa
Hoje eu sei que sempre estive certa
E agradeço por jamais ter aprendido tal coisa

Ontem eu calava a voz que berrava em mim
Para não ferir susceptibilidades
Hoje eu digo a verdade, mesmo que ela doa
Pois essa é a maior premissa da amizade

Ontem eu demorava a tomar decisões importantes
Por medo de errar
Hoje eu aprendi que o tempo não deve ser desperdiçado

Ontem eu preocupava-me com a opinião alheia
Hoje eu sei que a minha vida me pertence
Que ninguém irá vivê-la por mim

Ontem eu cometi erros
Que me custaram muitas lágrimas
Hoje eu ainda cometo erros
Porque a vida é um eterno aprendizado

Ontem eu era feliz como era
Com o que eu tinha
Hoje eu sou mais feliz ainda
Porque sou grata por todas as bênçãos da minha vida
Porque a alegria de viver dança em mim
O amor hospeda-se na minha alma
E manifesta-se pelo meu corpo

Ontem … eu era só uma menina
Hoje eu sou uma Mulher
Ou quem sabe, uma Menina - Mulher
Como gostam de me chamar

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