domingo, 11 de março de 2012

QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA

Ultimamente tenho pensado nisso, na facilidade com que as pessoas se julgam mutuamente.

Todo mundo julga, não adianta dizer que não.

De um jeito mais subtil ou quem sabe menos agressivo, a verdade é que todo mundo julga todo mundo.

Acredito que existam excepções à regra, mas eu não conheço nenhuma. Ninguém que eu possa dizer: aquela pessoa realmente não julga ninguém, nunca, em hipótese alguma. Nem muito nem pouco.

Claro que coloco as coisas numa perspetiva bem abrangente, onde se incluem as coisas mais simples que muitas vezes sem nos apercebermos, se transformam SIM num julgamento. 

Por exemplo: você acaba de se mudar para um prédio novo. E então descobre que o vizinho do lado ouve rock da pesada tarde da noite de todo sábado. 
Um dia cruza com ele no elevador e nota a indumentária preta, os picos, os acessórios pesados, o cabelão no ar e quem sabe um grande piercing no nariz, outro no lábio, na orelha ... inconscientemente você encolhe-se no elevador. 
A aparência do vizinho é assustadora. Faz-lhe lembrar um monte de cenas de filmes que já viu e histórias que ouviu contar.
Automaticamente, você regista no seu cérebro a impressão que o vizinho lhe causou como negativa e no entanto ele nada fez. Você sequer ouviu o "boa noite" educado que ele proferiu. Sequer olhou para o seu rosto e assim não identificou um par de olhos amistosos. Por medo. Por deixar a mente subconsciente rotular o vizinho rockeiro como alguém perigoso e sem educação, quando na verdade talvez ele fosse no máximo alguém sem noção que exagera no volume da música mesmo que seja dentro do horário permitido por lei. 
Afinal, trata-se de rock. 
Se fosse ópera certamente que a sua primeiríssima impressão teria sido diferente.
E, ainda no nosso exemplo, chega o dia em que você chega à casa com vários sacos, sacolas e pacotes, sai do elevador no seu andar consciente de que não conseguirá abrir a porta sem deixar cair tudo no meio do chão, afinal as coisas já quase que escorregam pelo seu corpo, e do nada, surge alguém que lhe oferece prontamente ajuda, e salva toda a situação. Esse alguém, além do olhar meigo, tem um sorriso encantador e certamente excelentes modos. 
Oops! Esse alguém é o vizinho rockeiro. E aí você primeiro se espanta e depois se recrimina por ter feito um juízo errado e sem fundamento, pois as pessoas não são aquilo que vestem, a música que ouvem, a religião que seguem, o partido político que apoiam, e sim aquilo que as suas atitudes demonstram que elas são.

O "engraçado" é que os maiores juízes não gostam de ser julgados. 

É! É fácil julgar, mas estar no lugar de quem é julgado injustamente não tem o mesmo sabor. Claro que não. Já dizia o velho ditado " pimenta no olho do outro é refresco ".

E assim segue o mundo e a humanidade. 

Não adianta exigir de si mesmo uma mudança imediata e não duradoura. Mas vale com certeza a pena que todos nós nos policiemos para que diante de um vizinho que goste de rock, ou qualquer outra situação que o valha, tentemos não apenas olhar, mas sobretudo ver. 

Beijo na alma.

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