quinta-feira, 13 de maio de 2010

VENTOS E MARES


Sentada numa rocha, contemplo o mar agitado diante de mim.
As ondas embatem violentamente contra a pedra dura e salpicos de água salgada tocam-me o rosto.
Eu devia sair daqui.
Não apenas o mar cada vez mais se agita, como o céu escurece e um vento gélido começa a soprar, uivando, irritando-se com os meus cabelos negros ... mesmo assim não me mexo.
Fico ali sentada, olhos fixos naquela imensidão de água revolta sob a tempestade que começa a se formar ... mas não temo nem um pouco, porque me identifico com aquela fúria agora incontida.
Talvez um dia consiga eu também extravasar dessa maneira as minhas angústias e aflições, mas por enquanto, eu acalmo-me só de olhar esse cenário apavorante.
Sinto que não estou só. A alma do mundo fala comigo ... e quanto mais o vento castiga os meus cabelos, o meu rosto molhado e frio, mais eu me alheio àquilo que parece, que se pode ver com os olhos, e mergulho no subconsciente daquele desabafo da Terra.
Sinto-me culpada por cada um de nós … se pudessem perceber a tristeza traduzida por toda aquela violência … sim, não é fúria, é tristeza que já não se suporta sentir. Fecho os olhos então, concentro-me e sinto aqui dentro no peito, diante daquela explosão arrepiante de emoções, um palpitar rápido e descompassado, tão perigosamente rápido como se a qualquer instante pudesse o meu coração parar de bater.
Agora sim. Abro os olhos de súbito e levanto-me.
Não para fugir.
Não para enfrentar.
Deixo-me estar parada … estranhamente a velocidade e força do vento não me empurram, como se não mais me tocasse …
... e é nesse momento que ergo os braços, enfrento os céus, e obedecendo ao meu comando mental aquieta-se o mar a minha frente ...
... clareia o céu sobre a minha cabeça ...
... e agora é uma brisa suave quem me beija o rosto. Está tudo bem. Mais uma trégua.
Mas como poderei eu transmitir tudo isto sem parecer louca?
Resolvo não me preocupar ... uma dose certa de loucura é essencial ao ser humano, e se esta experiência ( mais essa) é um indício, então está tudo bem.

Beijos da Debby Baby, com amor :)

Um comentário:

Bia Anderson disse...

Nossa amiga que lindo, me identifiquei com esse texto, sempre me imagino nessa situação, na frente do mar, com uma tempestade se aproximando, com o vento forte, gritando em meus ouvidos... essa fúria da natureza me faz bem, me faz sentir aliviada em saber que não sou só eu quem tem algo inesperado guardado dentro de mim... e que acima dessa tempestade ainda tem um sol que brilha forte mas que no momento não faz com que essa tempestade se dicipe... e no fim de tudo sei que vai passar, mas que vai deixar marcas e lembranças para sempre...

Como vc é especial minha amiga... muito obrigada pelas ótimas palavras!!

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