segunda-feira, 29 de março de 2010

CANSADA DE GUERRA



Subitamente um imenso cansaço toma conta do meu corpo e quando vejo, deixo-me cair de joelhos. Total exaustão. Não aguento mais.
Deito-me no chão frio da cozinha na posição fetal, sinto o meu corpo suado, porém tão frio quanto o chão imaculadamente branco onde estou deitada … a minha cabeça pesa. Sinto uma forte pressão na nuca, na coluna cervical, e sozinha, sem poder, nem querer chamar ninguém, fecho os olhos e procuro entender o que se passa.

Aos poucos reaprendo a respirar, e ainda de olhos fechados para o ambiente em que me encontro, mas abertos para o mais profundo da minha essência, vou percebendo os espaços em branco. As lacunas. As falhas … como um livro mal impresso, e pergunto «como falhei»?!

Porquê esta frustração agora? Eu devia saber que não dependia de mim. Porquê carregar comigo uma inteira responsabilidade que na verdade não é minha? Porquê absorver tanto do pior das pessoas, quer elas o façam propositadamente, quer não?! Ser como um escudo as vezes, mas tão vulnerável outras tantas?!

Preciso de água gelada, e ainda com algum custo vou até à geleira onde encho um copo. Bebo lentamente e recosto-me na parede. Sinto uma avalanche dentro de mim, um emaranhado de loucas e pouco lógicas emoções, mas também, felizmente, alguma da minha paz está de volta. O que foi isso? Essa dor no peito? No ego? No orgulho? Onde, afinal?

A minha mestra quis falar … mas os meus olhos se encheram de lágrimas … preferi, não. Talvez amanhã eu esteja pronta para ouvir a razão deste vazio, mesmo sendo cheia de amor. Deste burburinho incessante na minha mente e alma, que me enlouquece. Deste amor brutal que de tão poderoso se tornou aflitivo e urgente … o amor em si, o amor em toda a sua essência mais pura e verdadeira. O amor que me faz sofrer pelos outros, tanto quanto alegrar-me pelas suas (minhas) conquistas.

Lembro da falsidade que presenciei ainda há pouco, da total mudança nos eixos que ainda ontem eram perfeitamente alinhados e hoje não mais o são por pura pequenez da alma humana, e isso provoca-me náuseas. Uma parte de mim diz « bem feita» para eu aprender a não tomar partidos e ficar em cima do muro como quase todos fazem … mas essa não é a parte de mim que eu sei ouvir, por isso, ainda que me chegue a causar alguma perturbação, logo a outra parte, a que eu sempre ouvi e segui, diz-me « acalma-te, recupera o fôlego e continua o teu caminho».

Beijo a minha filha na testa, que entretanto já dorme tranquila. Faço a mesma oração de todas as noites, impondo-lhe as mãos e toda a agonia aparente se evapora. Lembrei de mim. Da minha missão. Do meu dever. De todo amor que trago em mim, e principalmente, do maior milagre da minha vida. A minha filha que dorme serena no seu quarto lilás, que decorei com todo o cuidado e capricho, prova indubitável da excelência de tudo em que acredito firmemente.

Ou seja, posso cair de joelhos, deixar-me atingir por tonturas e calafrios, mas a força que eu tenho é muito maior e depressa se manifesta.

Agora, escrevo estas linhas no meu lap, deitada no conforto das muitas almofadas da minha cama e um alívio incrível me invade. Vou continuar, SIM.Sou uma guerreira da LUZ. Vou prosseguir na luta pelos meus ideais, na propagação daquilo que me foi confiado e prometo a mim mesma que estarei mais atenta da próxima vez … no entanto, não importa realmente quantas vezes eu caia, contanto que me levante em cada uma delas, e mais forte do que antes. Mais disposta. Mais capaz. Esta sou eu … dividindo convosco momentos da minha vida.

Beijos meus, com amor.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...