terça-feira, 9 de março de 2010

SAUDADE




Hoje sinto saudades, como acontece algumas vezes, de tempos idos e felizes ... alguns que até vivi sem ter a percepção real do quão feliz era ... momentos simples, pequenos e grandiosos, plenos, únicos, meus.

Sinto saudades tuas, meu irmão ... dos teus cachos alourados, corpo robusto, jeito meigo e doce, e até das tuas muitas traquinices, dos Natais da nossa infância ... da tua audácia, teu carácter obstinado ... saudade do teu sorriso aberto, teu abraço apertado ... te amo ... sempre vou te amar, onde quer que estejas sei que sentes o meu amor e sabes que a dor é só de saudade porque sei que estás bem, és um anjo de Deus ... mas mesmo assim, eu sinto saudades da tua presença corpórea na minha vida ...

Saudades do meu pai me levar as festas as 11 horas e de me ir buscar as 5 da manhã ... de vê-lo a espantar qualquer rapaz que se aproximasse, as motos a xisparem tão logo percebessem a carrinha do meu pai a chegar ao portão ...

Saudades de mim ... da minha adolescência. Dos tempos que morava em Lisboa e pintava os lábios de vermelho, eu e a Cris, e íamos para a praia com um gravador a pilhas ligado no mais alto volume, a pé entre o engarrafamento dos carros, cantando e rindo a loucura de se ter 15 anos e observar os motoristas pasmos, cada um com uma cara mais carrancuda do que a outra, outros até sorriam porque apontavamos para eles e bem alto cantavamos a letra da canção :« I know ... u dont love me no more, no more ... no, no more ... and i dont wanna be ...» ... lindo ... fecho os olhos e ainda sinto a delícia daquele dia de sol, euforia totalmente despreocupada, rebeldia com todas as causas, afinal, apesar da locura aparente sempre fui uma menina certinha ...

... nesse tempo tinha também a Lina, colega de turma ... os intervalos eram curtos demais para tudo que tinhamos que conversar, rir, fazer ... « Zumbaié, ako maié, ako, ako, ako maié » rsrrs já não me lembro o que era isso, mas nós cantavamos e dançavamos essa dica levemente doidas, ensandecidamente felizes ... o tempo parecia parado, e nós com pressa de ter 18 anos ...

... e as musses de chocolate que acabavam mais uma na cara das outras do que na tigela para solidificar?! Era rir sem parar, 3 abestalhadas felizes que só, e isso bastava ...

... saudade do pandemonium, de dar show com o Cajó, Paulinho e Didi, rodopiar o salão e obrigar o resto das pessoas a afastarem-se ... saudades, meus amigos ... foram dos melhores momentos da minha vida ...

... as mutambas no Puniv, a suspensão por causa das motas dos rapazes que nos íam ver ... culpa da Mona ahahahahahahah sempre a mais bagunceira de todas ... e por falar nela, saudades da nossa amizade, das confusões em que se metia e onde eu sempre acabava por me meter para a defender, mesmo que ela não tivesse razão ... era sangue do meu sangue, nem que mais de uma vida tivesse se passado ...

... e isso remete-me ao Show das baixinhas ... lágrimas de emoção correndo soltas pelo rosto quando a Romena ao microfone só quis agradecer a sua treinadora, ou seja, eu ... vibrante, empolgante, maravilhoso ... amo de paixão tudo isso ...

... saudades do Brasília a segunda-feira e de me bateres à porta da casa-de-banho para dançar a nossa música, olhos cor de tabaco, de comer choco grelhado numa directa que nos levou ao morro dos veados, do exacto momento em que recebi a rosa branca artificial que ainda guardo na minha caixa de memórias ...

... do tempo em que quase me expulsavam do fitness porque eu exagerava nos exercícios ...

... saudade de não ver malícia em ninguém e achar que todas as pessoas gostavam de mim como eu gostava delas ...

... de não ter consciência que a alegria de um pode incomodar um outro, que a luz dentro de mim emanava tão forte que por conseguinte incomodava tantas pessoas ...

... saudades dos muitos momentos maravilhosos que eu vivi desde a infância até ontem, porque todos os dias somo mais alguns e assim será sucessivamente. Não vivo do passado. O que foi menos bom eu procuro apagar, e o que foi bom é inesquecível e sempre bom de recordar ... mas sem excesso de saudosismo, para sempre dar oportunidade ao novo na minha vida.

Saudades sim, muitas vezes ... mas no coração o acalento, o calor, a paz de ter feito bem o meu papel ... tal como daqui a 20 anos, terei saudades deste tempo igualmente lindo, mágico e especial que vivo agora ... porque na vida muitos momentos são preciosos, e esses são para colecccionar ... Ah! Eu orgulho-me de ter tantos já guardados, e olhem que não estão aqui nem um terço dos mesmos.

Beijos meus, com amor.

Um comentário:

Deborah Garcia disse...

Ai amiga q lindo! Realmente tem momentos q jamais esqueceremos em nossas vidas!!! Chega dei suspirei fundo agora! Saudades de vc!!! De saber sobre seu hj, mais te entendo perfeitamente!!!! Bjins no coraçao fique com Deus!!!!

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